Paralelo Histórico da Educação
“Foram os jesuítas que criaram, afirmava José Veríssimo, no Livro do Centenário, e por dois séculos quase exclusivamente mantiveram o ensino público no Brasil”. Com a introdução dos Jesuítas no Brasil no período colonial após o “descobrimento”, iniciou-se um processo de imposição do catolicismo aos índios, em fevereiro de 1549 D. João III entregou a Tomé de Souza o regimento, onde recomendava à conversão dos indígenas a fé católica pela catequese e pela instrução. Para poder ser reconhecido como ser humano com alma era preciso passar pela conversão através do batismo. O que na verdade não passou apenas de uma forma de dominação dos portugueses sobre o povo indígena. Com isso começa-se a promover uma ação maciça de catequese indígena uns se ocupando da doutrinação e outros da catequização. Apenas chegado a Bahia, em 1549, o Pe. Manuel da Nóbrega tomava as primeiras providências para a organização de uma escola, no mesmo ano, Leonardo Nunes chegava a São Vicente com dez ou doze meninos e ali erguia espaçoso pavilhões de taipa. A Bahia e São Vicente foram os primeiros núcleos bem sucedidos de penetração missionária. São Vicente, principalmente, que além da “escolha de ler e escrever” tinha também uma aula de “gramática”, isto é, gramática Latina freqüentada pelos mamelucos mais adiantados.
As mulheres do período não tinham muito acesso a instrução, já eram criadas para o casamento, já os índios reclamavam o direito da mulher índia participar do processo de alfabetização. Só aos poucos, em um processo lento e de muita luta, a mulher foi conseguindo o seu espaço em busca de seus direitos. Catarina Paraguaçu, também conhecida como Madalena Caramuru, foi a primeira mulher brasileira que sabia ler e escrever, onde naquela época as mulheres só podiam se dedicar as tarefas domésticas. Alguns autores afirmavam que ela era filha de Diogo o Caramuru, com a índia Moema ou Paraguaçu.
Com a expulsão dos jesuítas e a reforma Pombalina o que já era ruim ficou pior, nunca se pensou se pensou na educação como prioridade ou projeto de nação. Com a vinda da Família Real Portuguesa(1808), a preocupação era formar uma elite para administração, foram criadas varias instituições culturais, Biblioteca Nacional, Jardim Botânico, Escolas de Medicina e de Direito em Salvador e no Rio de Janeiro, vivemos o retrato fiel da época, de lá para cá pouca coisa mudou, houve alguns avanços, mas estamos longe de uma educação de qualidade, salas superlotadas, professores mal remunerados e sem condições mínimas de trabalho. Não há qualidade adequada para aprimoramento e qualificação, a mulher, o índio, o negro e também os pobres, lutam para conseguir o seu espaço em uma sociedade que foi dominada por uma “elite”, que “faz” com que essa grande massa continue a não ter instrução adequada, ficando a margem da sociedade ou servindo como uma numerosa mão de obra barata.
HOLLANDA, Sérgio B. de (dir) A Época colonial: Do Descobrimento à Expansão territorial, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2004. V.1.